29 de julho de 2009

Deena Webster - Hurry, Tuesday's Child (1968)


Deena Webster é/foi uma contora folk britânica que gravou apenas um disco em sua curtíssima carreira, para mim não foi nenhuma surpresa descobrir que esta gravação raramente é postada nos blogs do mundo afora, e que também nunca foi lançada em CD, o que faz com que achar os arquivos torne-se uma tarefa muito difícil.

Os arquivos que estou postando foram upados pela FolkPhile (Direto do Vinil) há algum tempo. FolkPhile é uma grande colecionadora de material folk e uma ativa postadora em blogs do gênero, ela é bem conhecida nos círculos de compartilhamento de arquivos, por isso agradeço a ela por upar esse disco.
Tuesday Child foi lançado em 1968 pelo selo Parlophone e apresenta excelentes covers de artistas folk/pop contemporâneos (Flower Lady, NY Minig Disaster 1941, Colours, etc..) e também canções mais antigas (House of the Rising Sun, Geordie) acompanhadas de violão ou as vezes com um arranjo mais elaborado (sob a direção de Arthur Greenslade). Deena tinha uma voz marcante, similar a algumas artistas folk da época, deixava transparecer grande emoção certas horas, mas em outras parecia totalmente sem sentimento... Sinceramente eu acho que isso é insignificante. Acima de tudo é um excelente disco que foi injustamente esquecido.
Não há muita informação disponível sobre Deena na web. O único site dedicado a ela está em alemão e, se o resultado da pesquisa do Google serve de indicação, ela parece ser popular no Japão.

Dizem que ela tinha apenas 17 anos quando gravou este disco, se estiver viva hoje ela deveria estar com cerca de 58 anos, mas como ninguem sabe que fim levou... Sabe-se apenas que ela lançou alguns singles igualmente desconhecidos. Se eu encontrar mais coisas sobre ela postarei aqui... Por enquanto apreciem esse disco, pois ele é único em todos os sentidos.
Tracklist:
Hurry, Tuesday Child
Hair Of Spun Gold
New York Mining Disaster, 1941
Geordie
Just Like Tom Thumb's Blues
The House Of The Rising Sun
Who Will Buy
The Flower Lady
Summer Day Reflection Song
Colours
Tangles Of My Mind
The Last Thing On My Mind

Download (Sharebee / Zshare)

26 de julho de 2009

Radiohead - Ok Computer (1995)


"Ok Computer" é a obra-prima do grupo inglês Radiohead, tendo inclusive sido escolhido pelos leitores da revista Q, em 1997 (ano do seu lançamento), como o melhor álbum de todos os tempos. Os outros dois discos da banda são também muito bons, "Pablo Honey" de 1993 e "The Bends" de 1995.


Mas não vão muito além daquilo que a banda parecia propor ser, ou seja, uma banda de rock alternativo com excelentes músicas, mas todas, digamos, normais e convencionais, nos padrões atuais (sendo que nestes dois primeiros discos, o vocalista e compositor Thom Yorke já mostrava ter talento para escrever letras tristes e auto-depreciativas).Mas em "Ok Computer", eles extrapolam tudo aquilo que já haviam feito. As letras e temáticas continuam as mesmas, mas, musicalmente falando, é algo muito superior, e, porque não, a frente de seu tempo. Belíssimas melodias, músicas com estruturas mais complexas, uso bem dosado e extremamente harmonioso (sim, isso é possível!) de elementos eletrônicos, teclados bem encaixados, atuações inspiradíssimas de todos os membros da banda (principalmente Thom nos vocais) e excelentes letras fazem desse disco uma obra inesquecível. Vale falar um pouco mais das letras escritas por Thom Yorke. Elas vão muita além da rebeldia sem causa mostrada pela maioria das bandas de rock desses últimos tempos. Thom demonstra nelas certo desprezo pelo mundo atual, pelo modo de viver das pessoas, enfim, pelo dia-a-dia típico dos humanos desse final de século. "As pessoas acordam cedo demais para sair de casas onde não gostam de morar, para ir à um trabalho do qual não gostam, em um dos meios de transporte mais perigosos do mundo (carro)", disse ele certa vez.

Em suas letras ele quase sempre deixa evidente esse seu descontentamente, mas de uma maneira meio que conformada, sempre pregando uma fuga a tudo isso, para se levar uma vida simples e espiritual (muito diferente da vida que ele efetivamente leva, sendo um "rock star"). Praticamente todas as músicas de "Ok Computer" impressionam pela sua beleza. Começando por "Airbag", com seu andamento paranóico, baixo entrecortado, efeitos eletrônicos esquisitos, e que possui uma letra estranha em que Thom fala de outra de suas fixações (ligada diretamente com aquela do dia-a-dia do homem moderno): acidentes de carro. "In a fast german car, I'm amazed that I survived, an airbag saved my life", canta ele no final da música. Não é a primeira música do Radiohead que usa esse tema.A segunda, "Paranoid Android", é o grande destaque do álbum: belas melodias (sim, são mais de uma), excelente trabalho de guitarras e uma estrutura diferenciada, como se fosse dividida em movimentos, tendo, inclusive, sido taxada por muitos como uma típica música de rock progressivo. "Subterranean Homesick Alien" também é ótima, com bela melodia e instrumentos bem atmosféricos (outra característica notada ao longo do disco inteiro), e, pra variar, lirismo no mínimo curioso ("I'd show them the stars and the meaning of life, they'd shut me away" lamenta Thom Yorke mais uma vez mantendo um distanciamento da humanidade). "Exit Music (For a Film)" é a canção mais triste do disco, onde Thom mostra explicitamente sua vontade de fugir de um mundo no qual ele definitivamente não se encaixa. Essa faixa tem um clima realmente melancólico e intimista, com uma belíssima interpretação do vocalista, que mostra ter controle total de sua voz. "Let Down" é outra canção extremamente inspirada, de uma beleza quase palpável, com seu instrumental envolvente acompanhando de maneira perfeita o vocal, como se ambos fossem uma coisa só. Nela, mais uma vez ouvimos Thom Yorke lamentar a vida, e, em um trecho que deve entrar pra história, dizer "One day, I'm going to grow wings, a chemical reaction, hysterical and useless". Nesse momento, toda a música parece mudar de maneira sutil, e um clima de "reação" diante de tanta frustração e de quase imperceptível alegria domina, em nova sintonia perfeita de instrumentos e vocais. E o ouvinte? Bem, o ouvinte essa hora está nas alturas! A próxima, "Karma Police", também é linda, com uma base de violão e piano bem simples. "Fitter Hapier" é a música (?) mais estranha do disco, mas que é perfeitamente compreensível conhecendo-se Thom Yorke. "Electioneering" é bem alegre e empolgante, além de ser a mais acessível do disco, com cara de hit radiofônico (sem que isso signifique que ela seja simplesmente "legal", como a maioria dos hits comerciais). No contagiante refrão, Thom canta: "When I go forwards, you go backwards, and somewhere we will meet". "Climbing the Walls" também é excelente, com muito clima e andamento hipnótico. "No Surprises" é uma bela balada que tem na sua letra o seu ponto ponto forte, pois representa perfeitamente o que se passa na cabeça do atormentado vocalista . "I'll take a quiet life. Such a pretty house, Such a pretty garden. No alarms and no surprises" chora ele no refrão. "Lucky" também é belíssima, com um lindo refrão acompanhado perfeitamente pela guitarra cheia de melodia. Thom parece ter um acesso de alegria em meio a tanta tristeza e decepção: "It's gonna be a glorious day! I fell my lucky could change". "The Tourist" fecha perfeitamente essa obra-prima: mais uma canção hipnótica e climática, com letras e vocais inspirados, melodia triste e cadenciada, outra música inesquecível. Resumo da ópera: um disco muito bonito, que vai além das fronteiras do rock praticado atualmente. Isso pode não parecer nada simpático, mas esperamos que Thom Yorke continue sendo um cara muito triste e depressivo, para que assim continue nos presenteando com trabalhos como esse!

Download (rapidshare)