14 de dezembro de 2009

Jeff Buckley - Grace (1994)


There’s no time for the hatred, only questions: What is love? Where is happiness? What is life? Where is peace? Where will I find the strength to bring me release? Tell me where is the love in what your prophet has said! Man, it sounds to me just like a prison for the walking dead! Oh, i’ve got a message for you and your twisted hell! You better turn around & blow your kiss goodbye — to life eternal, angel…

(Jeff Buckley)


Primeiro , algo importante sobre este disco:você nunca viu ou nunca verá tão parecido com ele. Pode buscar similaridades mil com outros artistas (que é algo que farei nas próximas linhas) , mas nenhum deles uniu tais atributos em um álbum só.

Segundo: mas quem é esse tal de Jeff Buckley? Filho de pai ausente e genial (Tim Buckley , trovador maldito dos anos 60 que misturou rock , folk e jazz), criado por uma mãe severa e um padastro que foi bem legal com ele , dando-o discos do Led Zeppelin. Dono de uma voz potentíssima , com enorme extensão vocal de cinco oitavas (para os leigos: a normal para os humanos é de apenas duas) , usa-a com toda a propriedade. Estudou guitarra insanamente na adolescência , e de certa maneira , por esses dois últimos fatos , encarnou vários mitos em seu próprio corpo.

Buckley foi Nina Simone ao usar sua voz com tal doçura e sofreguidão em suas canções que até chega a incomodar (e dela fez um cover , "Lilac Wine"). Foi Page & Plant em "Eternal Life", facada guitarrística em corações solitários e tempestuosos. Foi Van Morrison ao usar símbolos e metáforas aliados a uma riqueza melódica e a uma voz inconfundível. Foi Cohen e foi Morrissey em uma melancolia poética , quase niilista. Foi Cobain ao explorar o ruído e a dissonância e ao morrer de forma trágica deixando uma obra curta pra trás.
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Mas também foi ele próprio ao unir tais caracteres. Seus arranjos soam ao mesmo tempo simples , mas refinados e intrincados. É um filho bastardo do rock alternativo dos anos 90, do folk sessentista e do jazz. Começa underground tocando em botecos (como podemos ver no EP "Live at Sin-è") e conquista fãs como Bono Vox e Paul McCartney. Termina sua vida de maneira tragicômica , morrendo afogado no rio Mississippi ao som de "Whole Lotta Love".
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Assume-se um amante bêbedo em "Lilac Wine" , pede desculpas e sente-se miserável em "Last Goodbye" , declara que o amor não tem fim na pungente "Lover , You Should've Come Over", mostra-se sobre o efeito de drogas em "Mojo Pin" e busca a redenção na desperança , como na irretocável regravação da "Hallelujah" , de Cohen. Nota: o próprio Cohen declarou isso.
"Grace" , de 94 , é seu único disco em vida. Não digo que foi suficiente , pois um grande artista sempre terá algo a oferecer - desde obras-primas tardias , como o SMiLe de Brian Wilson , até um espetáculo da decadência , à maneira de Michael Jackson , por exemplo. Mas definitivamente colocou o nome de Buckley entre os gênios de uma época.


Faixas:

1.Mojo Pin
2.Grace
3.Last Goodbye
4.Lilac Wine
5.So Real
6.Hallelujah
7.Lover, You Should've Come Over
8.Corpus Christi Carol
9.Eternal Life
10.Dream Brother

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"Jeff Buckley é uma gota cristalina num oceano de ruídos" (Bono Vox)

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29 de outubro de 2009

Taylor Mitchell - In Memoriam

Muitas coisas passam despercebidas no turbilhão de informação que é a nossa vida hoje em dia... um dia desses, navegando na net sem destino certo, me deparei com uma notícia que me chocou: Taylor Mitchell, uma cantora folk canadense de apenas 19 anos, havia sido morta num ataque de coiotes, fiquei extremamente estarrecido.

Taylor Mitchell era considerada uma revelação da musica folk canadense, recém formada na Etobicoke School of the Arts, havia lançado seu primeiro disco no início de 2009 (For Your Consideration, que futuramente será tema de outra postagem aqui no blog), sendo ainda indicada ao prêmio Canadian Folk Music Award na categoria de artista revelação.
Ela era uma amante da natureza, tema que ela explorava com muita sensibilidade em suas canções, foi durante uma de suas caminhadas numa trilha em um parque nacional em Nova Scotia que a jovem sofreu o ataque fatal, ela foi levada ao hospital de Hallifax mas não resistiu aos ferimentos.

Taylor deixou pra trás uma pequena legião de fãs, sua familia promete manter a sua memória viva através de seu site, é muito triste a perda de uma pessoa tão maravilhosa e talentosa.
A nós, fãs anônimos, resta apenas a sua musica, de notável sensibilidade e beleza, e a mim como uma espécie de homenagem póstuma, levar suas canções ao máximo de pessoas que eu possa atingir, como forma de agradecê-la por ter dividido conosco seu talento, mesmo que por um curto período de tempo.


Confiram o vídeo de um showcase da cantora e deixem a melodia tomar conta do seu ser:




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R.I.P

13 de outubro de 2009

Nick Drake - Introduction - In Memoriam of Robert Kirby



Robert Kirby morreu no Hospital West London devido a complicações decorrentes de uma cirurgia de emergencia no coração, em 3 de outubro de 2009. Ele tinha 61 anos.

Ele foi um arranjador britânico, tendo trabalhado na música folk e rock. Ele é mais conhecido por seu trabalho com Nick Drake, mas também trabalhou com Ralph McTell, Paul Weller, Elvis Costello e Flemming.

R.I.P

21 de setembro de 2009

Tom Waits - Rain Dogs (1985)

"uma sucessão de climas urbanos e suburbanos, captados através de um olhar cínico e canalha, onde desfilam uma galeria de personagens saídos dos becos mais sórdidos do Harlem ou de Los Angeles. Cenas de caçadas policiais, como num romance de Raymond Chandler, espeluncas de quinta categoria em Chinatown, onde mulheres da vida vagueiam pela rua ao lado de personagens de Bukowski que perderam o rumo de casa. Todo o cinismo corrosivo das operetas de Bertold Brecht e Kurt Weill, interpretado com a dramaticidade irônica de um teatro de vaudeville"

Rene Dacol ("O Estado de São Paulo", 25/6/86).


Apesar de toda a sua esquisitice, Waits faz parte da mesma linhagem de "frágeis senhores da guerra" em que se incluem compositores como Bob Dylan, Lou Reed, David Bowie, Elvis Costello, Leonard Cohen, Neil Young e Nick Cave. Além disso, é um poeta de mão cheia e um compositor sofisticado, capaz de fazer melodia até mesmo com o barulho de uma cadeira, como prova a canção "Shore Leave", do álbum "Swordfishtrombones" de 1983 que era a primeira parte de uma trilogia informal, que seria completada com "Rain Dogs" e "Frank Wild´s Years".

Comprova-se este fato quando Elvis Costello, um dos sujeitos com o melhor bom gosto musical no mundo, faz três covers de clássicos de Waits para o álbum com Anne Sofie Von Otter, "For The Stars". No entanto, para chegar ao seu estilo único, Waits teve de criar uma persona anterior: a de melhor cantor de botecos que já existiu.

Rain Dogs é uma coletânea de histórias sobre marinheiros (diz a lenda que seria o Frank de "Swordfishtrombones" cruzando o oceano e chegando em New York - fato que nunca foi comprovado), um compêndio de sabedoria do submundo, um tratado de loucura escrito pelos próprios loucos - tudo isso e muito mais. Neste álbum, Tom Waits incorpora de vez a sua persona de cicerone do absurdo e faz a pedra de toque da sua metafísica. Sim, o mundo é um hospício (o título "Rain Dogs" é uma gíria para os doentes que ficam girando em torno de um mesmo lugar, como os cachorros que rondam suas poças de urina em dias de chuva), mas capaz de uma poesia assustadora, uma poesia que também pode ser dolorida, repleta da incomunicabilidade que só os amantes proibidos possuem. Há espaço para o humor negro, também se percebe que Waits está cada vez mais preocupado com uma pergunta básica, à la Sartre: Os infernos são outros ou somos nós que construímos o nosso próprio Inferno? Ainda assim é uma obra bastante esperançosa, já que consegue refletir sobre a passagem do tempo no ser humano com uma serenidade indistinguível, mesmo que aceite o fato tristemente, como sussurra com um tom próximo de uma voz normal em "Time" (regravada por Tori Amos): "The shadow boys are breaking all the laws/ And you're east of East St. Louis/ And the wind is making speeches/ And the rain sounds like a round of applause (...)And they all pretend they're Orphans/ And their memory's like a train/ You can see it getting smaller as it pulls away/ And the things you can't remember/ Tell the things you can't forget that/ History puts a saint in every dream/ And it's Time Time Time/ That you love" (Os garotos da sombra quebram as leis/ E você está a oeste de East St Louis/ E o vento está fazendo discursos/ E a chuva soa como aplausos (...)/ E todos fingem serem órfãos/ E a memória deles é como um trem/ Você pode vê-la diminuir enquanto ela vai embora/ E as coisas que você não se lembra/ Contam as coisas que você não quer esquecer que/ a História põe um santo em cada sonho/ E é o Tempo o Tempo o Tempo/ Que você ama).

Uma metafísica começa quando o sujeito aprende a amar o Tempo, independente da sua crueldade nas pessoas. Além do Tempo, deve-se aprender a cultivar a solidão como uma amiga. E isso Tom Waits nos ensina como ninguém. Contudo, ele retrata um mundo em que a única fuga decente parece ser a resignação de "já ter visto tudo" e, por isso, nada mais o impressiona. "9th and Hennepin" pode ser considerada o hino do frágil senhor da guerra, com sua ironia alucinatória em estilo beatnik. A solidão de estar separado da amada é talvez a única coisa que o mantém são, mesmo quando quer se "comportar como um cachorro". Escute "Downtown Train", a canção mais pop que Waits já escreveu, tão pop que até Rod Stewart fez uma versão radiofônica, não percebendo a desilusão afiada ao cantar: "The downtown trains are full/ With all those Brooklyn girls/ They try so hard to break out of their little worlds/ You wave your hand and they scatter like crows/ They have nothing that will ever capture your heart/ They're just thorns without the rose/ Be careful of them in the dark/ Oh if I was the one/ You chose to be your only one" (O trens do centro estão lotados/ De garotas do Brooklyn/ Elas tentam sair daqueles mundos pequeninhos/ Você faz um aceno e elas respondem como corvos/ Elas não tem nada que vá agarrar o seu coração/ São apenas espinhos sem rosa/ Tome cuidado com elas no escuro/ Se eu fosse o único/ O único que você escolheria).
A mensagem de Waits não é algo explicíta. Seu humor do absurdo ainda mostra alguma resistência contra as ilusões da vida quando berra na última canção de "Rain Dogs", "Anywhere I Lay My Head" - "I don't need anybody/ Because I learned to be alone/ And anywhere/ I lay my head, boys/ I will call my home" (Eu não preciso de ninguém/ Porque aprendi a ficar sozinho/ E em qualquer lugar/ que eu deitar a minha cabeça/ Será a minha casa).


Sua alma é sua casa porque ninguém mais pode tê-la - exceto o Diabo, para quem o personagem de Waits está prontinho para fazer um pacto. No caso, um pacto patético, como fez no álbum seguinte, a parte final de sua trilogia, "Frank´s Wild Years", que mostra o velho Frank se envolvendo com o tinhoso. A tentação sempre foi algo que interessou Waits e ele desenvolveria este assunto na sua metafísica, fazendo uma contraposição com o tema da inocência - que só é possível quando sonha, e geralmente o sonho é um pesadelo grotesco.

Tom Waits está para a canção como "On The Road" de Kerouac esteve para a literatura beat dos anos 50.

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9 de setembro de 2009

Willie Nelson - Red Headed Stranger (1975)

Algumas pessoas me criticaram por eu querer postar aqui alguns albums que não pertencem necessariamente ao gênero "Rock", mas cara.. eu fico pensando, boa musica não enxerga fronteiras, ela esta espalhada em diversos estilos, eu me odiaria se por preconceito a este ou aquele estilo eu deixasse de conhecer algo bom, ou nesse caso.. ótimo;


Willie Nelson salvou a música country. Ok, talvez minha opinião seja meio extremista, mas ao menos ele manteve o estilo vivo por um tempo. Com o lançamento deste disco um tanto conceitual, "Red-Headed Stranger" , Willie virou as costas ao convencional e mostrou a todos que são não deviam se meter com suas visões. Este registro não comercial e teoricamente não vendável foi lançado pela Columbia... e logo de cara, transformou-se de um potencial fracasso em um enorme sucesso de vendas, Willie passou de apenas um compositor de sucesso para o status de gênio da música (Se alguma gravadora de hoje tivesse essa mesma chance, rsrs duvido que perderiam!).
Willie produziu e arranjou esta obra sozinho. Depois de duas décadas de trabalho duro em Nashville, ele finalmente venceu o sistema que tentava fazer dele uma espécie de cópia de Jim Reeves ou Eddy Arnold, e fez musica do seu jeito, como Willie. Sem arranjos de cordas sofisticados, coros harmonicos e influências pop. Apenas Willie, seu violão, alguns musicos selecionados, amplamente acustico, como Paul English, Jody Payne, e até Buck Meadows.
Um dos meus discos favoritos foi claramente inspirado neste classico, o quase desconhecido album de Marty Stuart, "The Pilgrim". Atualmente é muito mais dificil levar um album conceitual ás rádios, e mais ainda fazer com que chegue ás paradas de sucesso. É quase impossivel que um disco conceitual atual volte a fazer tanto sucesso comercial quanto "Red-Headed Stranger". Mas, ah... se alguém ao mesnos tentasse!

29 de julho de 2009

Deena Webster - Hurry, Tuesday's Child (1968)


Deena Webster é/foi uma contora folk britânica que gravou apenas um disco em sua curtíssima carreira, para mim não foi nenhuma surpresa descobrir que esta gravação raramente é postada nos blogs do mundo afora, e que também nunca foi lançada em CD, o que faz com que achar os arquivos torne-se uma tarefa muito difícil.

Os arquivos que estou postando foram upados pela FolkPhile (Direto do Vinil) há algum tempo. FolkPhile é uma grande colecionadora de material folk e uma ativa postadora em blogs do gênero, ela é bem conhecida nos círculos de compartilhamento de arquivos, por isso agradeço a ela por upar esse disco.
Tuesday Child foi lançado em 1968 pelo selo Parlophone e apresenta excelentes covers de artistas folk/pop contemporâneos (Flower Lady, NY Minig Disaster 1941, Colours, etc..) e também canções mais antigas (House of the Rising Sun, Geordie) acompanhadas de violão ou as vezes com um arranjo mais elaborado (sob a direção de Arthur Greenslade). Deena tinha uma voz marcante, similar a algumas artistas folk da época, deixava transparecer grande emoção certas horas, mas em outras parecia totalmente sem sentimento... Sinceramente eu acho que isso é insignificante. Acima de tudo é um excelente disco que foi injustamente esquecido.
Não há muita informação disponível sobre Deena na web. O único site dedicado a ela está em alemão e, se o resultado da pesquisa do Google serve de indicação, ela parece ser popular no Japão.

Dizem que ela tinha apenas 17 anos quando gravou este disco, se estiver viva hoje ela deveria estar com cerca de 58 anos, mas como ninguem sabe que fim levou... Sabe-se apenas que ela lançou alguns singles igualmente desconhecidos. Se eu encontrar mais coisas sobre ela postarei aqui... Por enquanto apreciem esse disco, pois ele é único em todos os sentidos.
Tracklist:
Hurry, Tuesday Child
Hair Of Spun Gold
New York Mining Disaster, 1941
Geordie
Just Like Tom Thumb's Blues
The House Of The Rising Sun
Who Will Buy
The Flower Lady
Summer Day Reflection Song
Colours
Tangles Of My Mind
The Last Thing On My Mind

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26 de julho de 2009

Radiohead - Ok Computer (1995)


"Ok Computer" é a obra-prima do grupo inglês Radiohead, tendo inclusive sido escolhido pelos leitores da revista Q, em 1997 (ano do seu lançamento), como o melhor álbum de todos os tempos. Os outros dois discos da banda são também muito bons, "Pablo Honey" de 1993 e "The Bends" de 1995.


Mas não vão muito além daquilo que a banda parecia propor ser, ou seja, uma banda de rock alternativo com excelentes músicas, mas todas, digamos, normais e convencionais, nos padrões atuais (sendo que nestes dois primeiros discos, o vocalista e compositor Thom Yorke já mostrava ter talento para escrever letras tristes e auto-depreciativas).Mas em "Ok Computer", eles extrapolam tudo aquilo que já haviam feito. As letras e temáticas continuam as mesmas, mas, musicalmente falando, é algo muito superior, e, porque não, a frente de seu tempo. Belíssimas melodias, músicas com estruturas mais complexas, uso bem dosado e extremamente harmonioso (sim, isso é possível!) de elementos eletrônicos, teclados bem encaixados, atuações inspiradíssimas de todos os membros da banda (principalmente Thom nos vocais) e excelentes letras fazem desse disco uma obra inesquecível. Vale falar um pouco mais das letras escritas por Thom Yorke. Elas vão muita além da rebeldia sem causa mostrada pela maioria das bandas de rock desses últimos tempos. Thom demonstra nelas certo desprezo pelo mundo atual, pelo modo de viver das pessoas, enfim, pelo dia-a-dia típico dos humanos desse final de século. "As pessoas acordam cedo demais para sair de casas onde não gostam de morar, para ir à um trabalho do qual não gostam, em um dos meios de transporte mais perigosos do mundo (carro)", disse ele certa vez.

Em suas letras ele quase sempre deixa evidente esse seu descontentamente, mas de uma maneira meio que conformada, sempre pregando uma fuga a tudo isso, para se levar uma vida simples e espiritual (muito diferente da vida que ele efetivamente leva, sendo um "rock star"). Praticamente todas as músicas de "Ok Computer" impressionam pela sua beleza. Começando por "Airbag", com seu andamento paranóico, baixo entrecortado, efeitos eletrônicos esquisitos, e que possui uma letra estranha em que Thom fala de outra de suas fixações (ligada diretamente com aquela do dia-a-dia do homem moderno): acidentes de carro. "In a fast german car, I'm amazed that I survived, an airbag saved my life", canta ele no final da música. Não é a primeira música do Radiohead que usa esse tema.A segunda, "Paranoid Android", é o grande destaque do álbum: belas melodias (sim, são mais de uma), excelente trabalho de guitarras e uma estrutura diferenciada, como se fosse dividida em movimentos, tendo, inclusive, sido taxada por muitos como uma típica música de rock progressivo. "Subterranean Homesick Alien" também é ótima, com bela melodia e instrumentos bem atmosféricos (outra característica notada ao longo do disco inteiro), e, pra variar, lirismo no mínimo curioso ("I'd show them the stars and the meaning of life, they'd shut me away" lamenta Thom Yorke mais uma vez mantendo um distanciamento da humanidade). "Exit Music (For a Film)" é a canção mais triste do disco, onde Thom mostra explicitamente sua vontade de fugir de um mundo no qual ele definitivamente não se encaixa. Essa faixa tem um clima realmente melancólico e intimista, com uma belíssima interpretação do vocalista, que mostra ter controle total de sua voz. "Let Down" é outra canção extremamente inspirada, de uma beleza quase palpável, com seu instrumental envolvente acompanhando de maneira perfeita o vocal, como se ambos fossem uma coisa só. Nela, mais uma vez ouvimos Thom Yorke lamentar a vida, e, em um trecho que deve entrar pra história, dizer "One day, I'm going to grow wings, a chemical reaction, hysterical and useless". Nesse momento, toda a música parece mudar de maneira sutil, e um clima de "reação" diante de tanta frustração e de quase imperceptível alegria domina, em nova sintonia perfeita de instrumentos e vocais. E o ouvinte? Bem, o ouvinte essa hora está nas alturas! A próxima, "Karma Police", também é linda, com uma base de violão e piano bem simples. "Fitter Hapier" é a música (?) mais estranha do disco, mas que é perfeitamente compreensível conhecendo-se Thom Yorke. "Electioneering" é bem alegre e empolgante, além de ser a mais acessível do disco, com cara de hit radiofônico (sem que isso signifique que ela seja simplesmente "legal", como a maioria dos hits comerciais). No contagiante refrão, Thom canta: "When I go forwards, you go backwards, and somewhere we will meet". "Climbing the Walls" também é excelente, com muito clima e andamento hipnótico. "No Surprises" é uma bela balada que tem na sua letra o seu ponto ponto forte, pois representa perfeitamente o que se passa na cabeça do atormentado vocalista . "I'll take a quiet life. Such a pretty house, Such a pretty garden. No alarms and no surprises" chora ele no refrão. "Lucky" também é belíssima, com um lindo refrão acompanhado perfeitamente pela guitarra cheia de melodia. Thom parece ter um acesso de alegria em meio a tanta tristeza e decepção: "It's gonna be a glorious day! I fell my lucky could change". "The Tourist" fecha perfeitamente essa obra-prima: mais uma canção hipnótica e climática, com letras e vocais inspirados, melodia triste e cadenciada, outra música inesquecível. Resumo da ópera: um disco muito bonito, que vai além das fronteiras do rock praticado atualmente. Isso pode não parecer nada simpático, mas esperamos que Thom Yorke continue sendo um cara muito triste e depressivo, para que assim continue nos presenteando com trabalhos como esse!

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25 de junho de 2009

Linda Perhacs - 1970


Combinando belamente fragilidade e a melodia do acid-folk com efeitos eletrônicos perfeitamente dosados, este extraordinário album consiste no que sua criadora descreveu como "musica visual". Lançado originalmente em 1970, tornou-se um dos mais lendários e amados discos de seu tempo.

Linda Perhacs, uma cantora e compositora folk tão obscura quanto psicodélica, lançou em 1970 seu único disco, "Parallelograms", com pouquíssimas vendas e praticamente desconhecido do grande público durante cerca de 30 anos, acabou sendo redescoberdo durante o movimento "New Weird America" no início dos anos 2000, e com a volta do psych-folk, foi relançado em 2005 tornando-se um ícone cult.


Embora muitos a considerem uma clone de Joni Mitchell, particularmente eu sou abrigado a discordar, os vocais de Linda são muito profundos e transmitem uma sensação de doçura e amargura ao mesmo tempo. Na verdade, a única maneira de Joni Mitchell ter feito um disco assim, seria se ela tivesse tomado uma grande quantidade de LSD. Em resumo, é musica de primeira qualidade que vai acalmar sua alma e provavelmente abrir sua mente.

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17 de junho de 2009

Eva Cassidy

Eva Marie Cassidy (Washington, DC, EUA, 2 de fevereiro de 1963 — Bowie, Maryland, EUA, 2 de novembro de 1996) Foi uma cantora norte-americana. Embora fosse muito tímida, conquistou reputação local como intérprete de vários estilos musicais: jazz, blues, folk, gospel e pop music. Dona de uma voz de grande expressão e controle, interpretava cada canção de maneira única. Em 1996, ao morrer vítima de câncer, Eva Cassidy ainda era praticamente desconhecida fora de Washington, DC e Maryland.Mas a morte não encerrou sua trajetória musical. Em resenha sobre o lançamento de seu álbum American Tune, de 2003,o jornal inglês Daily Telegraph se referiu a ela como protagonista da "mais memorável carreira póstuma na história da música pop". (fonte: Wikipedia/Folk music and rock & roll)

Discografia

The Other Side (1992), com Chuck Brown

Live At Pearl's (1994) Eva by Heart (1997) - único álbum gravado integramente em estúdio


Live at Blues Alley (1997)
Songbird (1998) - compilação de álbuns anteriores - 1º lugar em vendagem na Inglaterra em 2001


Time After Time (2000) - 25º lugar em vendagem na Inglaterra


No Boundaries (2000)


Method Actor (2002)


Imagine (2002) - 1º lugar em vendagem na Inglaterra


American Tune (2003) - 1º lugar em vendagem na Inglaterra


Wonderful World (2004) - compilação de faixas de álbuns anteriores - 11º lugar em vendagem na Inglaterra


Somewhere (2008)


R.I.P.

The Byrds


Os Byrds foram o primeiro supergrupo americano. A combinação perfeita da guitarra 12-string Rickenbacker de Roger McGuinn, da poesia de Gene Clark, harmonias de David Crosby e do baixo bluegrass, além da influência de Chris Hillman, que mudou a nossa maneira de ouvir rock n'roll. Ao longo da história, a música mudou, assimilando muitas tendências, e assim agiu o Byrds. Pop-rock, reggae-rock, acid-rock, country-rock, space-rock, tudo ao mesmo tempo. Os instrumentos acústicos passaram a elétricos numa variedade de efeitos musicais, culminando no uso de um synthesizer de Moog por Roger McGuinn. Apenas quando a eletrônica e a experimentação se inclinaram para o excesso, o Byrds retornou à pureza da música tradicional americana. Enquanto os anos foram passando membros vieram e foram, mas o foco permaneceu na criação. O Byrds criou uma das obras mais admiradas na música popular dos EUA, tendo se tornado uma banda extremamente influente, a ponto de ter lançado anos mais tarde um álbum fruto de uma reunião, que foi mais um sucesso comercial, embora alguns tenham criticado o saudosismo.
Discografia
1967 - Younger Than Yesterday
1970 - (Untitled)
1973 - Byrds

1 de junho de 2009

Nick Drake - Bryter Layter (1970)

Olá pessoal, The Forgotten Years é um blog feito para a boa música, e para nos lembrar que certas coisas nunca morrem e nem são esquecidas...

Neste primeiro post de muitos que ainda virão, me senti obrigado a falar de Nick Drake (1948-1974), artista conhecido por poucos, e apreciado por menos ainda... Durante sua curta carreira lançou apenas três albuns, de pouca vendagem em vida, mas atualmente cultuados por fãs e tidos como referências a vários artistas. "Bryter Layter" foi seu segundo album, com faixas utilizando guitarras, baixo e bateria, marcando uma leve mudança na sonoridade puramente folk do primeiro album, os pontos altos ficam por conta das músicas "Fly" e a sublime: "Northern Sky".
Além disso o disco ocupa a posição nº 245 do ranking "the 500 greatest albums of all time" da Rolling Stone.

Como li numa crítica sobre esse disco, é simples assim: "This album changes people lives".


  1. "Introduction" – 1:33
  2. "Hazey Jane II" – 3:46
  3. "At the Chime of a City Clock" – 4:47
  4. "One of These Things First" – 4:52
  5. "Hazey Jane I" – 4:31
  6. "Bryter Layter" – 3:24
  7. "Fly" – 3:00
  8. "Poor Boy" – 6:09
  9. "Northern Sky" – 3:47
  10. "Sunday" – 3:42
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